Realizaram-se no passado dia 21 de junho, às 14h, as Provas de Doutoramento em Ciências da Educação, especialidade de Educação Matemática, requeridas pela Mestre Eliane Bihuna de Azevedo, tendo como orientador o investigador do CIEC Pedro Manuel Baptista Palhares. O júri foi presidido pelo Doutor José Augusto de Brito Pacheco, tendo estado presentes os seguintes vogais: Doutor Pedro Manuel Baptista Palhares, da Universidade do Minho; Doutor Jaime Maria Monteiro de Carvalho e Silva, da Universidade de Coimbra; Doutor José António da Silva Fernandes, da Universidade do Minho; Doutora Maria Cecília Rosas Pereira Peixoto da Costa, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Doutora Maria Helena Silva Sousa Martinho, da Universidade do Minho e Doutora Norma Suely Gomes Allevato, da Universidade Cruzeiro do Sul. No final, o júri deliberou, por unanimidade, aprovar a candidata atribuindo-lhe a menção de “Muito Bom”.
Título da Tese: “Vivenciando a metodologia de ensino-aprendizagem-avaliação de Resolução de Problemas nas aulas de Cálculo Diferencial e Integral”
Resumo: Cálculo fornece elementos fundamentais para o desenvolvimento de conceitos das áreas específicas dos cursos relacionados com as Ciências Exatas e é componente curricular obrigatória do primeiro ano. Apesar de sua importância, ao Cálculo costumam estar associados elevados índices de repovação e de evasão. Um dos motivos desse, apontado pela literatura, está relacionado com a metodologia de ensino adotada. A metodologia de ensino predominante no Ensino Superior brasileiro é a tradicional. As aulas de Cálculo da UDESC/Joinville inserem-se neste contexto tanto com relação à abordagem metodológica quanto ao fracasso escolar. Nesse contexto, intencionando contribuir com a aprendizagem dos estudantes e inovar a sua prática docente, a professora investigadora desenvolveu esta pesquisa cujo objetivo geral foi desenvolver estratégias para utilizar a metodologia de ensino-aprendizagem-avaliação de Matemática para ensinar conteúdos de Cálculo através da Resolução de Problemas (RP) durante os horários regulares de aula. Diante desse objetivo, as questões de investigação que nortearam o trabalho foram: A metodologia de resolução de problemas pode contribuir para a aprendizagem dos conteúdos de Cálculo? Quais as dificuldades sentidas pelos alunos durante a realização de atividades usando RP? Quais as dificuldades sentidas pelo professor ao inserir a metodologia de ensino-aprendizagem-avaliação de RP nas aulas de Cálculo e como superá-las? O público participante foi constituído pelos estudantes regularmente matriculados na disciplina de Cálculo ministrada pela pesquisadora, a recolha dos dados foi por meio de uma investigação-ação prática e ocorreu durantes três semestres letivos consecutivos, tendo iniciado no ano de 2016. Os dados analisados com mais ênfase são oriundos das turmas de Cálculo dos cursos de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Química do primeiro semestre letivo de 2017. O diferencial entre essas turmas está no facto de que a segunda dessas é composta essencialmente por ingressantes no Ensino Superior e, a primeira, é formada por estudantes que já cursaram uma disciplina de Matemática Básica ou que são repetentes na disciplina de Cálculo. Pela literatura tínhamos conhecimento de que usar a metodologia de ensino-aprendizagem-avaliação de RP para ensinar novos contéudos através da resolução de problemas era recomendada para um público que desconhecesse o assunto que o professor intencionava ensinar. Entretanto, devido à organização interna e às necessidades da UDESC/Joinville essa condição ideal não era possível de ser atendida naquele momento. Esse foi um desafio a mais na pesquisa, trabalhar com o público não recomendado pela literatura. A metodologia de pesquisa considerada neste trabalho foi a pesquisa mista com design concorrente integrado, com predominância do método qualitativo. A análise qualitativa e interpretativa dos dados nos revelaram que a metodologia de RP inserida nas aulas de Cálculo permite ao aluno ser mais participativo, desenvolver autonomia em seus estudos, usar sua criatividade, aprender com o erro e com os colegas, dentre outros beneficícios. Os dados também nos mostraram que apesar do reconhecimento dos contributos para a aprendizagem que as atividades de formulação de problemas trazem consigo, os estudantes
preferem resolver que formular problemas. Dentre os motivos apresentados para essa preferência está o facto de que o tempo dispendido na elaboração de problemas é maior do que na resolução de um problema. Para complementar a análise qualitativa foi realizada a análise quantitativa por meio da análise de covariância dos resultados de um pré-teste e pós-teste, que foram corrigidos de acordo com uma escala holística focada. Essa análise nos permitiu concluir que a pesquisa promoveu mudanças estatisticamente significativas na aprendizagem da turma do curso de Licenciatura em Química. Esse resultado possibilita-nos inferir que a metodologia de ensino-aprendizagem-avaliação de RP pode trazer mais contribuições para a aprendizagem de turmas constituídas por ingressantes que sejam (por maioria) oriundos de escolas públicas e que apresentem maiores dificuldades relacionadas com conteúdos de matemática elementar. Por fim, esta pesquisa mostrou que a metodologia de RP pode trazer contributos para a aprendizagem mesmo de estudantes que tragam consigo algum conhecimento anterior do assunto, mas para tanto, o professor precisa se dispor a priorizar em suas aulas a qualidade das discussões promovidas à quantidade de tarefas realizadas.
ciecum.wordpress.com 