Realizaram-se no dia 8 de março às 14h30, as Provas de Doutoramento no ramo de conhecimento de Estudos da Criança, na especialidade de Infância, Cultura e Sociedade, requeridas pela Mestre Maria Cristina Antas de Barros Dias Baptista Antunes, tendo como orientador o investigador do CIEC Fernando Ilídio Silva Ferreira da Universidade do Minho.
O júri foi presidido pela Doutora Maria da Graça Ferreira Simões de Carvalho da Universidade do Minho, tendo estado presentes os seguintes vogais: Doutora Natália Fernandes da Universidade do Minho; Doutora Maria Cristina Tavares Teles da Rocha da Universidade do Porto; Doutor Fernando Ilídio Silva Ferreira da Universidade do Minho (orientador); Doutor José Augusto Branco Palhares da Universidade do Minho; Doutor Carlos Augusto Pires do Instituto Politécnico de Lisboa. No final, o júri deliberou, por unanimidade, aprovar a candidata atribuindo-lhe a menção de “Bom com Distinção”.
Título da Tese: “Escola a tempo inteiro: perspetivas dos alunos sobre os seus quotidianos no contexto da pandemia COVID-19”
Resumo: COVID-19 é o nome oficial da doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, identificado pela primeira vez na cidade de Wuhan, na China, no final de 2019. O vírus espalhou-se rapidamente por todo o mundo e a Organização Mundial de Saúde declarou a COVID-19 como pandemia, em 11 de março de 2020. A pandemia tornou-se o centro de preocupações e decisões, e também interesses, por parte de organizações internacionais, governos, empresas, diferentes tipos de organizações e instituições, públicas e privadas, e da sociedade, em geral. Termos como emergência, calamidade, quarentena, isolamento, confinamento, entre muitos outros, entraram nos discursos políticos e mediáticos e nas conversas do dia a dia, gerando medo, incerteza e mudanças obrigatórias de hábitos e comportamentos. O teletrabalho tornou-se a norma, tal como o ensino a distância, tornando-se claro que o impacto da crise não é apenas sanitário, mas também político, social e económico. A presente tese é fruto de uma investigação realizada em tempo de pandemia, assumindo a autora o duplo papel de investigadora e professora na escola onde se desenvolveu o estudo (escola dos 2º e 3º ciclos do ensino básico da cidade de Lisboa). O interesse pela temática surgiu no mestrado e pretendeu-se profundar a questão cerca de dez anos depois, com a particularidade de o estudo ser agora realizado com a “escola em casa”. O principal objetivo da investigação foi compreender o modo como a pandemia tem afetado a vida das crianças, a partir do seu próprio ponto de vista. A hipótese de trabalho foi de que a “escola a tempo inteiro” não consiste apenas numa política pública de ampliação da jornada escolar, para, no mínimo, 8 horas, que equivale a uma jornada laboral de pessoas adultas, mas, sobretudo, na reprodução da “forma escolar” em contextos e modalidades que vão muito além das fronteiras da própria escola. Em termos metodológicos, houve uma fase inicial de observação direta e de leituras sobre a temática, com caráter exploratório. De seguida, o principal instrumento de recolha de dados foi o inquérito por questionário, tendo-se procedido à análise estatística dos mesmos e também à análise dos dados obtidos nas respostas às questões abertas. Complementarmente, recorreu-se à análise documental, incidindo nos normativos legais e outros documentos oficiais difundidos em catadupa, dia e noite, no período da pandemia. Além de outros efeitos das políticas de urgência, os resultados dão conta do que as crianças fizeram em diferentes momentos, como o isolamento social e o confinamento, com destaque para a “escola em casa” e o brincar – a quê?, onde?, com quem? – e também em termos comparativos com o “antes da pandemia”.
Palavras-chave: Escola a tempo inteiro; Pandemia COVID-19; ensino a distância; quotidianos das crianças