Doutoramento em Estudos da Criança, especialidade de Infância, Cultura e Sociedade

Realizaram-se no dia 2 de outubro, às 14h30 , as Provas de Doutoramento em Estudos da Criança, especialidade de Infância, Cultura e Sociedade, requeridas pela Mestre Andréia Maria Rodrigues, tendo como orientadoras a investigadora do CIEC Natália Fernandes e a Doutora Ângela Maria Scalabrin Coutinho. O júri foi presidido pela Doutora Maria Beatriz Ferreira Leite Oliveira Pereira, tendo estado presentes os seguintes vogais: Doutor Manuel José Jacinto Sarmento Pereira, da Universidade do Minho; Doutora Maria Gabriela Correia de Castro Portugal, da Universidade de Aveiro; Doutora Natália Fernandes, da Universidade do Minho; Doutora Maria Fátima Cerqueira Martins Vieira, da Universidade do Minho; Doutora Catarina Almeida Tomás, do Instituto Politécnico de Lisboa; Doutora Valéria da Silva Ferreira, da Universidade do Vale do Itajaí-UNIVALI. No final, o júri deliberou, por unanimidade, aprovar a candidata atribuindo-lhe, por maioria, a menção de “Muito Bom”.

Título da tese: “O BEBÉ PARTICIPA? Contributos a partir da Sociologia da Infância”

Resumo da tese: Este estudo tem como objetivo compreender a participação dos bebés com idade entre 3 e 18 meses em contexto de creche. Sabe-se que cabe ao adulto o papel de organizar a rotina quotidiana no berçário, mas isto não quer dizer que os bebés devam ser apenas espetadores nesse processo. Pelo contrário, eles também podem contribuir para essa organização como interlocutores, desde que o adulto seja sensível aos seus dizeres e os tenha em conta. Ao entender a participação dos bebés como um elemento fundamental para a definição das ações dos adultos no contexto da creche, interessa-nos resgatar a “voz” e ação social dos bebés para compreender na sua complexidade o tema em estudo. Os subsídios teóricos que fundamentam esta tese propõem um diálogo a partir da Sociologia da Infância, que nos permite compreender a criança como um ator social, como uma “interlocutora” que contribui ativamente nos processos sociais através da sua participação. Tendo em conta esta perspetiva, a participação dos bebés nesta pesquisa assume uma dimensão sociopolítica, ou seja, assume-se como um direito dos bebés tomarem parte nos assuntos que lhes dizem respeito no contexto da creche, como uma ação influente que provoca, de alguma forma, transformação ou continuidade nos seus contextos de vida. Como conceitos que sustentam a nossa reflexão destacam-se: Participação infantil (Alderson, 2005; Alderson, Bendelow & Mayall, 2000; Agostinho, 2010; Bae, 2015; Fernandes, 2009; Gabriel, 2017; James, Prout & Jenks, 1998; Lansdown, 2011; Sarmento, 2011, 2012, 2014; Tisdall, 2016; Tomás, 2011; Trevisan, 2009); Bebés e creche (Alessi, 2017; Barbosa & Fochi, 2012; Â. Coutinho, 2010; Falk, 2011; Fochi, 2013; Guimarães, 2011; Martins Filho & Delgado, 2013; R. F. Pereira, 2015; Schmitt,2008; Tristão, 2004; Q. Vasconcelos); Ação social/agência (Â. Coutinho, 2010; Delalande, 2014; James, 2009; James & James, 2008; James & Prout, 1990, 2014; Prout, 2004; Weber, 2012; Wyness, 2014). Para tanto, optamos por desenvolver uma investigação situada no paradigma qualitativo e interpretativo, do tipo etnográfico. O estudo é realizado numa sala de berçário de uma creche, de uma Instituição Particular de Solidariedade social (IPSS), situada no Norte de Portugal, com 18 bebés entre os 3 e os 18 meses de idade, 2 educadoras de infância e 4 ajudantes da ação educativa. Os instrumentos de pesquisa foram observação direta e registo em diário de campo, vídeo gravação e registo fotográfico. É importante destacar que primamos por alguns cuidados que decorrem de preocupações éticas indispensáveis, os quais são evidenciados no decorrer de todo o processo de investigação. A interpretação dos dados foi realizada a partir de três categorias que auxiliaram na compreensão das questões de pesquisa. A primeira diz respeito às linguagens dos bebés e a participação. A segunda refere-se às relações sociais e à participação. Já a terceira dimensão diz respeito à institucionalização e participação. Na nossa perspetiva, para que o direito de participação dos bebés se realize na prática quotidiana do berçário, é fundamental que eles encontrem adultos sensíveis, que reconheçam às suas competências sociais para influir nas decisões que lhes dizem respeito e se comprometam com a sua efetivação.

Palavras-chave: Participação infantil, bebés, creche, Sociologia da Infância

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