Realizaram-se no dia 22 de julho de 2019, às 14h, as Provas de Doutoramento em Estudos da Criança, especialidade de Psicologia do Desenvolvimento e da Educação, requeridas pela Mestre Silvana Peixoto Martins, tendo como orientadora a investigadora do CIEC Ana Maria Tomás de Almeida. O júri foi presidido pelo Doutor Nelson Manuel Viana da Silva Lima, tendo estado presentes os seguintes vogais: Doutora Maria Cristina de Oliveira Salgado Nunes, da Universidade do Algarve; Doutora Orlanda Maria da Silva Rodrigues da Cruz, da Universidade do Porto; Doutora Ana Maria Tomás de Almeida, da Universidade do Minho; Doutora Ana Maria da Silva Pereira Henriques Serrano, da Universidade do Minho; Doutora Cláudia Cristina Vieira Carvalho de Oliveira Ferreira Augusto, da Universidade do Minho e Doutora Maria José Rodrigo Lopez, da Universidade de La Laguna. No final, o júri deliberou, por unanimidade, aprovar a candidata atribuindo-lho, a menção de “Muito Bom”.
Título da Tese: “Perceções de pais e profissionais de saúde dos apoios à parentalidade positiva. Um estudo das dimensões e determinantes das necessidades de apoio”
Resumo: É cada vez mais reconhecido o impacto das relações positivas entre pais e filhos no desenvolvimento e bem-estar das crianças e na construção de um ambiente familiar saudável. Consequentemente, várias perspetivas teóricas e recomendações internacionais salientam a importância de apoiar os pais e desenvolver serviços e medidas de caráter universal promotores de uma parentalidade positiva na comunidade onde vivem as famílias. A família, os pais e as crianças têm necessidades muito específicas que importa conhecer, com vista a implementar intervenções mais ajustadas às realidades familiares. Dos diferentes serviços de apoio à comunidade, os Cuidados de Saúde Primários (CSP), cuja primordial missão se centra na intervenção primária, reúnem um conjunto de características que os tornam mais próximos das famílias. Dado o seu carácter universal e não estigmatizante os cuidados de saúde primários são identificados como recursos importantes no apoio, prevenção e promoção da parentalidade positiva. Com o intuito de explorar estas questões, estabelecemos como objetivos do presente estudo: 1) conhecer as perceções dos pais e dos profissionais de saúde relativamente às necessidades de apoio à parentalidade; 2) analisar a influência da ecologia familiar (caraterísticas das figuras parentais, das crianças e do meio social) nas dimensões da parentalidade (Afeto e reconhecimento, Envolvimento familiar, Comunicação e controlo do stress e Partilha de atividades); 3) proceder ao estudo das qualidades psicométricas da Escala da Parentalidade Positiva. A amostra de estudo reuniu 646 pais (N = 30 pais) e mães de crianças entre os 3 meses e os 6 anos de idade e um grupo de 41 profissionais de saúde que integravam as unidades funcionais de diferentes ACeS. As medidas aplicadas examinaram as perceções dos pais relativamente ao exercício da parentalidade, ao apoio formal e informal e às características temperamentais dos filhos. Complementámos estes dados com as perceções dos profissionais acerca do tipo de iniciativas de apoio à parentalidade disponibilizadas nos seus locais de trabalho. Os resultados corroboram as dimensões da Escala de Parentalidade Positiva (Suárez, Byrne, & Rodrigo, 2016) e a sua validade e consistência psicométricas, sugerindo a utilidade da escala para estudo das dimensões da parentalidade positiva e o seu potencial na avaliação de programas de apoio psicoeducativo à parentalidade em Portugal. Neste sentido, foi possível estabelecer a relação entre: as dimensões da parentalidade, as características de pais e crianças e os apoios ao exercício da parentalidade. Os resultados mostram que a idade da criança, a idade e a escolaridade da mãe e o local de residência das famílias são variáveis que condicionam o exercício positivo do papel parental. Relativamente à análise dos apoios formal e informal revelou-se a existência de diferentes necessidades de apoio que incluem a promoção do ambiente familiar positivo (envolvimento familiar nos cuidados, o afeto e reconhecimento, a comunicação e controlo do stress e partilha de atividades). Para além disso, com as análises de regressão múltipla verificamos que a parentalidade positiva é o resultado da interação entre as características da criança, da mãe e do contexto corroborando os aspetos teóricos defendidos pelo Modelo da Ecologia Parental (Rodrigo, Máiquez, Martín, & Rodríguez, 2015) e dos aspetos psicossociais que influem na qualidade dos cuidados, educação e desenvolvimento da criança. Os resultados são discutidos tendo em conta a sua importância na criação de medidas interventivas capazes de responder às necessidades identificadas, melhorar os serviços oferecidos pelos CSP e promover o apoio à parentalidade na perspetiva do universalismo progressivo.