Doutoramento em Estudos da Criança, especialidade de Matemática Elementar

 

Realizaram-se no 12 de março, às 14h30, as Provas de Doutoramento em Estudos da Criança, especialidade de Matemática Elementar, requeridas pela Mestre Maria de Fátima Pereira de Sousa Lima Fernandes, tendo como orientadores os investigadores do CIEC Pedro Manuel Baptista Palhares e Isabel Vale. O júri foi presidido pela Doutora 15.jpgMaria da Graça Ferreira Simões de Carvalho, tendo estado presentes os seguintes vogais: Doutor Pedro Manuel Baptista Palhares, da Universidade do Minho; Doutora Isabel Maria Cabrita dos Reis Pires Pereira, da Universidade de Aveiro; Doutora Maria Alexandra Oliveira Gomes, da Universidade do Minho; Doutora Maria Helena Silva Sousa Martinho, da Universidade do Minho; Doutor António Manuel Águas Borralho, da Universidade de Évora e Doutora Ana Cristina Coelho Barbosa, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. No final, o júri deliberou, por unanimidade, aprovar a candidata atribuindo-lhe, a menção de “Muito Bom”.

 

Título da Tese: “A resolução de tarefas matemáticas em contextos não formais de aprendizagem – um estudo com o 3º ano de escolaridade”

Resumo: As tarefas matemáticas podem contribuir para aprendizagens eficazes se forem variadas, relevantes, acessíveis para os estudantes, se ocorrerem em ambientes favoráveis e se facilitarem o envolvimento mental, emocional e físico. Devem surgir em contextos diversificados, incluindo os não formais, que possibilitem articular a matemática com outras áreas do saber e com a realidade, para que façam sentido e permitam perspetivar o conhecimento matemático como um todo articulado e coerente. Neste estudo foi construído um conjunto variado de tarefas matemáticas, formuladas a partir de contextos não formais distintos, que se organizaram em três trilhos. Estes trilhos foram implementados numa turma do 3º ano de escolaridade de modo a compreender o desempenho e o envolvimento dos alunos na sua realização. Procurou-se, ainda, identificar potencialidades dos trilhos, enquanto contexto educativo não formal, através de experiências de aprendizagem que contribuam para uma prática de ensino eficaz da matemática. Tendo por base o problema em estudo, foram formuladas três questões que nortearam todo o trabalho: (1) Como se carateriza o desempenho dos alunos na resolução das diferentes tarefas que constituem os três trilhos, nomeadamente ao nível dos conhecimentos matemáticos (e outros) e das capacidades transversais? (2) Como se carateriza o envolvimento dos alunos na realização dos trilhos matemáticos a nível comportamental,

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afetivo e cognitivo? e (3) Como se carateriza o contributo das experiências proporcionadas pelos trilhos matemáticos para uma prática de ensino eficaz da matemática? Optou-se por um estudo qualitativo, de natureza interpretativo, longitudinal, no design de estudo de caso, tendo-se selecionado dois grupos – caso – os trios Alfa e Beta. A recolha de dados privilegiou a observação participante, as entrevistas, um questionário, as resoluções das tarefas, as notas de campo, os registos áudio e documentos diversos disponibilizados pela docente. Da análise dos resultados pode-se concluir que, na resolução das tarefas, os alunos manifestaram inicialmente algumas dificuldades de compreensão, procurando ultrapassá-las através do questionamento, da discussão com os colegas, da repetição de leituras e da dramatização ou simulação das situações, sempre que se proporcionou. Mobilizaram conhecimentos, capacidades, estratégias de resolução e diferentes tipos de representação com relativa facilidade. Registou-se muita interação, sobretudo verbal, mas também física. As discussões foram frequentes e, por vezes, ricas, todavia, os registos escritos nem sempre transparecem a riqueza da comunicação oral. As resoluções são por vezes incompletas, ora por falta do processo de resolução, ora por ausência da resposta. No envolvimento comportamental verificou-se, da parte dos alunos, atenção, foco, esforço, persistência e interação social saudável e respeitosa. No envolvimento afetivo, registou-se um forte interesse por esta experiência, em parte pelas caraterísticas das tarefas e pelo que proporcionaram, mas também pelo ambiente em que decorreram, por propiciarem movimento e exploração, pela partilha de ideias e tomada de decisões em grupo, e por sentirem que foram capazes de dar resposta ao que lhes foi pedido. No envolvimento cognitivo manifestaram perseverança na procura de estratégias que lhes permitissem obter uma solução apropriada. As aprendizagens sobre as temáticas trabalhadas revelaram-se bastante duradouras. As situações de ansiedade e frustração identificadas relacionam-se principalmente com o receio de não conseguirem realizar as tarefas, por falta de tempo ou de conhecimento. Os trilhos contribuíram para o desenvolvimento de várias capacidades relacionadas com o raciocínio, a resolução de problemas, a comunicação, a criação de conexões, a tomada de decisões, a colaboração, a autonomia, a orientação no espaço e a autorregulação. Permitiram dar sentido à matemática, reconhecer a sua aplicabilidade e utilidade, serviram de veículo para construir outros conhecimentos relacionados com o meio envolvente e constituíram oportunidades de trabalho aprazíveis, fundamentais para construir uma visão positiva da matemática.

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