Realizaram-se no dia 17 de novembro de 2017, às 10h, as Provas de Doutoramento em Ciências da Educação, especialidade de Psicologia da Educação requeridas pela Mestre Carla Susana Ferreira da Silva, tendo como orientadora a investigadora do CIEC Fernanda Leopoldina Parente Viana. O júri foi presidido pelo Doutor José Augusto de Brito Pacheco, tendo estado presentes os seguintes vogais: o Doutor Leandro da Silva Almeida, da Universidade do Minho; a Doutora Fernanda Leopoldina Parente Viana, da Universidade do Minho; a Doutora Irene Maria Dias Cadime, Investigadora Integrada do CIEC; a Doutora Rosa Maria Lima, da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti; o Doutor Miguel Pérez Pereira, da Universidade de Santiago de Compostela. No final, o júri deliberou, por unanimidade, aprovar a candidata atribuindo-lho a menção de “Muito Bom”.
Título da Tese: “Adaptação do Inventário de Desenvolvimento Comunicativo de MacArthur-Bates. Estudos de validação”
Resumo: Em Portugal, apesar da importância que a linguagem tem no desenvolvimento da criança e de existir um crescente interesse pela avaliação neste domínio durante a primeira infância, são ainda escassos os instrumentos que avaliam o desenvolvimento da comunicação e da linguagem em idades mais precoces (até aos 24 meses). Na presente investigação procurou-se adaptar e validar os Inventários de Desenvolvimento Comunicativo de MacArthur-Bates para o Português Europeu. Ao longo de quatro capítulos são apresentados os seguintes objetivos: i) revisão de conceitos relacionados com o desenvolvimento da linguagem oral, metodologias de avaliação e análise dos instrumentos existentes em Portugal para crianças em idade pré-escolar; ii) adaptação e validação para o Português Europeu do Inventário de Desenvolvimento Comunicativo MacArthur-Bates: Palavras e Gestos (IDC – PG), para crianças entre os 8 e os 15 meses; iii) adaptação e validação para o Português Europeu do Inventário de Desenvolvimento Comunicativo MacArthur-Bates: Palavras e Frases (IDC – PF), para crianças entre os 16 e os 30 meses; e iv) análise da relação entre o desenvolvimento dos gestos e da linguagem entre os 8 e os 15 meses. No primeiro capítulo, após uma revisão sobre os conceitos teóricos, é feita uma análise das diferentes metodologias de avaliação da linguagem e dos instrumentos de existentes em Portugal, constatando-se a necessidade de desenvolver instrumentos para avaliação precoce de crianças até aos 24 meses. O primeiro estudo (capítulo 2) apresenta a adaptação e validação para o Português Europeu do IDC – PG, numa amostra de 1314 crianças, com idades compreendidas entre os 8 e os 15 meses. Os resultados indicam que a compreensão e a produção de palavras, e o uso de gestos aumentam com a idade. Apenas foi encontrado um efeito principal do sexo para o total de gestos, tendo as meninas obtido pontuações mais elevadas do que os meninos, apesar do tamanho do efeito ser pequeno. Obtiveram-se correlações positivas entre todas as subescalas, mesmo depois de controlar os efeitos da idade e do sexo. Estes resultados são discutidos em termos de sua consistência com os obtidos para outros países e línguas. O segundo estudo (capítulo 3) apresenta a adaptação e validação para o Português Europeu do IDC – PF, numa amostra de 3012 crianças, com idades compreendidas entre os 16 e os 30 meses. Os resultados indicam um aumento no desenvolvimento lexical e das cinco medidas de desenvolvimento gramatical (morfologia regular, morfologia irregular, sobregeneralizações, MLUw e complexidade morfossintática) ao longo do tempo. Foi encontrado um efeito principal do sexo no desenvolvimento lexical, e em quatro subescalas de desenvolvimento gramatical (morfologia regular, morfologia irregular, sobregeneralizações e complexidade morfossintática), com as meninas a obterem resultados mais elevados do que os meninos. Obtiveram-se correlações positivas entre todas as subescalas, mesmo depois de se controlar os efeitos de idade e sexo. Estes resultados são discutidos em termos de sua consistência com os obtidos para outros países e línguas. O terceiro estudo (capítulo 4) analisa as relações entre diferentes tipos de gestos (totais, iniciais e tardios) e duas dimensões lexicais: número de palavras produzidas e compreendidas, utilizando um design longitudinal. A amostra é constituída por 48 crianças cujos pais preencheram o IDC – PG quando estas tinham 9, 12 e 15 meses de idade. Os resultados obtidos mostram que o número total de ações e gestos e o número de gestos iniciais, aos 9 e aos 12 meses, previram o número de palavras compreendidas três meses depois. O poder preditivo das ações e gestos em relação ao número de palavras produzidas apenas foi encontrado no intervalo entre os 9 e os 12 meses. A compreensão e a produção de palavras não previram ações e gestos três meses depois. Estes resultados destacam a importância do comportamento não-verbal comunicativo no desenvolvimento da linguagem. Na conclusão são analisados os resultados obtidos e o contributo das versões adaptadas para o Português Europeu dos IDC. São ainda analisadas as limitações dos estudos realizados e apontadas direções para futuras investigações.
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