Realizaram-se hoje, 11 de março de 2016, às 10h, as Provas de Doutoramento em Estudos da Criança, na especialidade de Literatura para a Infância, requeridas pela Mestre Ana Maria Fernandes Pires Pereira, tendo como orientador o investigador do CIEC Fernando José Fraga de Azevedo. O júri foi presidido pelo Doutor José Augusto Brito Pacheco, tendo estado presentes os seguintes vogais: o Doutor Alberto Filipe Ribeiro de Abreu Araújo, da Universidade do Minho; o Doutor Fernando José Fraga de Azevedo, da Universidade do Minho; a Doutora Ângela Maria Franco Martins Coelho de Paiva Balça, da Universidade de Évora; a Doutora Sara Raquel Duarte Reis Silva, da Universidade do Minho; a Doutora Blanca-Ana Roig Rechou, da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha). No final, a candidata foi aprovada, por unanimidade, com a menção de “Bom com Distinção”.
Título da Tese: “Iniciação e simbolismo na narrativa de transmissão oral para a infância: a obra de Alexandre Parafita”
Resumo: A pesquisa que se apresenta pretende situar a obra infantojuvenil de Alexandre Parafita na confluência de dois paradigmas relevantes: a literatura de tradição oral e a literatura com destinatário explícito, socorrendo-se, para o efeito, do método de análise hermenêutica. O estudo focaliza-se no tema a iniciação e simbolismo presente nas publicações que o autor supracitado efetuou sobre a tradição oral e cuja recolha foi realizada na região portuguesa de Trás-os-Montes, excluindo-se as obras de que ele é co-autor. Baseamo-nos, por um lado, no método mitocrítico proposto por Gilbert Durand que nos possibilitou o estudo mítico-simbólico da obra de Parafita e, por outro, nas representações simbólicas das crianças que colaboraram connosco no estudo sobre determinados arquétipos (queda, espada, refúgio, monstro devorador, elemento cíclico, personagem, água, animal e fogo), isto antes e após a realização de um trabalho prático com nove narrativas presentes em seis das suas obras. Para a recolha dos dados recorremos à aplicação do teste AT.9 em momentos distintos (um no início e outro no final do processo), bem como a registos escritos das crianças e notas de campo. No transcorrer das análises fez-se uma abordagem suportada pela interpretação. Após a análise realizada pudemos perceber os valores morais e os princípios éticos subjacentes às interpretações das crianças, com a necessária desocultação dos estereótipos sociais. Percebemos que no final as interpretações das crianças assumiram-se mais críticas e reflexivas e, por isso, mais sustentadas em relação ao tema em estudo. Por tal, pensamos poder referir que os aspetos importantes das narrativas, fornecidos pelos discursos e ações das personagens foram captados pelas crianças, passando estes a ganhar outros sentidos pelas analogias estabelecidas com a sua própria experiência e o conhecimento que possuíam do mundo. O imaginário da criança, povoado de fantasias, transporta em si arquétipos que associados a outros arquétipos, neste caso aos das narrativas de Alexandre Parafita, desperta a capacidade de ir mais além do sugerido e do já conquistado, fazendo emergir outros significados. Na ambivalência dos sentidos da vida descobrimos nos discursos das crianças princípios e explicações que articulam as estruturas do imaginário, imagens do regime diurno e do regime noturno.