Realizaram-se hoje, 23 de julho, às 10h, as Provas de Doutoramento em Estudos da Criança, na especialidade de Literatura para a Infância, requeridas pela Mestre Paula Cristina de Sousa Marques, tendo como orientadora o investigador do CIEC Fernando José Fraga de Azevedo. O júri foi presidido pelo Doutor José Augusto de Brito Pacheco, tendo estado presentes os seguintes vogais: a Doutora Henriqueta Maria de Almeida Gonçalves, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; o Doutor Fernando José Fraga de Azevedo, da Universidade do Minho; a Doutora Ângela Maria Franco Martins Coelho de Paiva Balça, da Universidade de Évora; a Doutora Maria Cristina Cristo Parente, da Universidade do Minho; a Doutora Sara Raquel Duarte Reis da Silva, da Universidade do Minho; o Doutor Moisés Selfa Sastre, da Universidade de Lérida (Espanha). No final, a candidata foi aprovada por unanimidade.
Título da Tese: “Álbuns narrativos e aprendizagens no pré-escolar. Um estudo de caso”
Resumo: A diáspora emergente da globalização tem lançado novos desafios às sociedades civis e políticas internacionais. Portugal não é uma exceção. Deste modo, dos contextos formais e informais de educação, são esperadas respostas educativas que considerem esta confluência de culturas. Sem se menosprezar a identidade cultural nacional, urge assim a necessidade de se adotar uma pedagogia intercultural que assegure uma sociedade de bem-estar, democrática e participativa. Tais desideratos devem manifestar-se desde o pré-escolar. Neste âmbito, a literatura para a infância é um dos mais importantes instrumentos de formação no auxílio ao aproveitamento das potencialidades naturais das crianças – uma fonte de conhecimentos e reflexões sobre o mundo. Pegando nestes pressupostos, através de episódios concretos que relatam acontecimentos muito expressivos, significativos e reveladores que foram recolhidos durante o processo de trabalho de campo, e através da sua cuidada análise, o estudo de caso que se segue demonstra o importante papel educativo que os álbuns narrativos, aliados à leitura dialógica e atividades decorrentes, assumiram no trabalho quotidiano que foi desenvolvido com 23 crianças. É, assim, um estudo que, através de um contexto específico (sala de pré-escolar) e de uma etnografia que se desenvolveu ao longo de oito meses, dá a conhecer os episódios mais representativos que foram observados e registados, demonstrando-se como foi promovida e implementada uma educação intercultural, espelhando-se a capacidade que estas crianças revelaram ter em aprender a ler o mundo de um modo sofisticado, crítico e abrangente, mas também de que forma essa situação favoreceu a construção coletiva do significado de textos (de 
literatura para a infância) que foram trabalhos em cooperação com a educadora de sala, ao longo dos meses acima referidos. Naturalmente que inerente a todo este processo esteve o desenvolvimento da aquisição de competências literárias. Neste âmbito, a aquisição de tais competências assume o pilar central da pesquisa que foi desenvolvida. Assim, e através dos álbuns narrativos que foram trabalhados em grupo, o estudo de caso que se segue relata e explica como estas crianças desenvolveram a capacidade reflexiva, torando-se leitores competentes. Para o efeito, o processo inferencial e o desenvolvimento gradual da capacidade que demonstraram ter em inferir, assumiram particular relevância e interesse de pesquisa. Em suma, este estudo de caso vem reforçar que a capacidade de o leitor rececionar o texto literário não é inata em exclusivo, mas edificada pela leitura. Isto é, pelos atos de comunicação literária que se vão construindo desde a infância.
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